quinta-feira, 26 de abril de 2007

quando as crianças não pagavam bilhete, III

Parte III
Quando a lancha chegou no cais da cidade do Funchal já era noite, pois antigamente, estas viagens entre ilhas duravam cinco horas. Tinha de começar a pensar rápido, pois teria de continuar a minha viagem, não podia parar, nem deixar rasto. Atracada a lancha, coloquei rodinhas nos sapatos e pernas para que te quero, e foi um andar sem destino, sempre em direcção ao infinito. Quando se está cansado, o melhor mesmo, é apanhar um transporte. Entrei num horário, e sentei-me bem atrás, para não ser vista e deixei-me ir até o cansaço tomar conta de mim. Quando acordei, estava na policia, sentada em cima de uma mesa, acordei sobressaltada e logo me enchi de terror, era agora que me matavam, era a minha mãe, irmã, cunhados, e policia, um interrogatório pesado, com as ameaças todas a pesarem sobre a minha cabeça, onde andei, que fiz ao dinheiro do bife, que fiz ao bife, onde dormi e comi, e tantas, tantas perguntas que até dava enjoos. O motorista dizia, ia fechar o horário quando a encontrei a dormir e depois lembrei-me de ter ouvido na telefonia que andavam a procura de uma menina, correspondia à descrição que tinha sido feita: cabelos castanhos escuros curtos, vestido cor de rosa clarinho, peúgas brancas e sandálias inglesas castanhas e uma bolsinha azul, só se tinha esquecido de mencionar o bife................ Dizia a minha irmã, tem o diabo no corpo, cegou-me, eu ia levá-la a casa e cegou-me, enquanto pagava o táxi, desapareceu e não voltei a pôr-lhe a vista em cima, mais valia ter morrido à nascença, e toda uma série de impropérios e de insultos, que é melhor esquecer.... Claro, ela tinha razão, na sexta-feira ao fim do dia mandaram-me a um recado, comprar um bife para o meu cunhado, que só gostava de bifes, mas eu como sempre, distraí-me, começou a ficar muito tarde e sabendo o que ia acontecer, escapuli-me, assim, adiava o sofrimento, por mais algum tempo, e fui a pé até a casa dela, mas aí, não me escapei ao insultos e depois de ter informado a minha mãe que estava na sua casa, guardou o bife no frigorifico, mandou-me dormir, com a ameaça de que na manhã seguinte não me escaparia, pois ela deixar-me-ia em casa da mãe e aí eu ia ver. Pois foi o que se viu. Claro que ouve preocupação, claro, que a minha mãe me amava, hoje, acredito nisso, mas era uma forma estranha de mostrar amor, eu achava mais que era desamor, desespero, sei lá..... O medo às vezes salva-nos às vezes mata-nos, depende, mas com medo podemos ir até ao fim do mundo, e podem perguntar-se e tu não tiveste pena, remorços, isso não existe na cabeça de uma criança com medo. A minha criança quando tem medo, anda, anda, anda e não pensa, não tem tempo para pensar...
E depois os transportes eram gratuitos para as crianças.....
Fim
Noz-moscada, Abril de 2007

10 comentários:

tufa tau disse...

fiquei com compaixão daquela criança, que não podia dar uma bucha aos golfinhos sem ser assim... pelo menos era o que ela pensava... e quando as crianças pensam... as voltas costumam ser muito reboscadas...
minha pequena amiga, chegaste a saber se algum golfinho comeu o "teu" bife?
gosto muito de ti

Fernando Pinto disse...

Adorei a foto do sapateiro, em baixo. Linda, linda!

P. S. Claro que podes colocar o meu "link" na tua página. Eu é que agradeço tal honra!

Obrigado pela visita ao meu «Labirinto de Olhares».

FM

Fernando Pinto disse...

Escreve muito bem!

Noz Moscada disse...

Se um golfinho não comeu o meu bife, comeu-o um peixe espado, um atum, ou então um espadar-te, que essa época havia em abundãncia naquela parte do oceano atlântico...mas a criança não pensou que ia dar o bife ao golfinhos não senhora, a crinça, só queria desaparecer em direcção ao infinito, mas numa ilha....coisa impossível..creio que mesmo na terra, acabamos por dar voltas e voltas e voltamos ao mesmo sitio....

Obrigada fernando pela visita, obrigada pelo elogio tb.
beijos para os dois

Anónimo disse...

espadarte

Noz Moscada disse...

o fernando, esqueci-me de dizer aquela fotografia é mesmo muito boa, cacei-a na net, andei a procura nas profissões, e como era expressiva e dava força ao meu post posteia.
bjs
obrigada

sonhadora disse...

Uma noite de sonhos nas estrelas.
Beijinhos embrulhados em abraços

pin gente disse...

e quantas crianças nada podem... na sua miséria humana
nem se lembram dos golfinhos, outros nem sabem que eles existem...

teresa disse...

Olá
Gostei muito de ler a tua história...escreves bem.
É como se estivessemos a ver o filme da pequena Olides.
Um beijinho
Gostei de te ver outro dia.
Até um dia destes.

Descobri o teu blog através da marta.
Um abraço
teresa

Noz Moscada disse...

olá Mãe Teresa, comecei muito cedo a viajar, e ficou-me o gosto; também gostei muito de estar com vocês todos.
Obrigada por me visitares e pelo elogio.
beijos

Noz moscada e Canela

Noz Moscada Parte utilizada: sementes

Sabor: Picante e quente Estimulante, digestivo, em doses elevadas é narcótico.

A flor da noz moscada é afrodisíaca e pode ser usada em casos de impotência.

Indicada na má absorção, dor abdominal, diarréia, gases, insônia. É um dos melhores medicamentos para acalmar a mente.

Receitinha Pele manchada e espinhas: fazer uma pasta misturando açafrão, noz moscada e leite.

Canela Parte utilizada: casca

Sabor: Picante, doce, quente.

Eficaz para fortalecer e harmonizar o fluxo sanguíneo. Indicada na inapetência, náuseas e vômitos. É diurética e estimulante do sistema nervoso.

Receitinhas Flatulência e má digestão: misturar gengibre seco, casca de canela e cardamomo em pó e triturar. Ingerir 1 a 2 g antes das refeições.

Gripes e resfriados: fazer a decocção de 3 partes de gengibre, 3 partes de canela e 1 parte de cravo, todos em pó. Colocar em água e ferver por 5 a 10 minutos. Tomar 1 xícara de 4/4 horas.

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